Sim! A indiferença funcional ainda prevalece nas organizações. Me refiro à burocracia, aos manuais e a tão imponente hierarquia. Os cargos, os carimbos, as placas na porta, o acúmulo de funções. A criatividade e a motivação não são apreciadas. Ter um pensamento crítico é muitas vezes visto como uma ameaça por aquele empregador que prefere não mudar e que busca um funcionário, sobretudo, dócil. Dessa maneira, pensar de forma diferente, "fora da caixa", ser mais livre e conectado às nossas intuições, às vezes é mais um problema do que uma vantagem em um ambiente de trabalho. Uma empresa pode ser uma ilha, eu prefiro utilizar o termo feudo. Neste caso, o gestor ou encarregado age semelhante a um senhor feudal que viveu na época da Idade Média.
Este senhor feudal, remodelado nas organizações atuais, é aquele que comanda a partir de uma dinâmica própria, com suas políticas e seus climas internos. Este movimento está ocorrendo nas organizações porque os gestores continuam a temer as novas ideias. Porque as organizações continuam a se basear em escopo restrito, em um esquema vertical de administração, em que a autoridade exerce um controle voraz. O ambiente controlado gera colegas de trabalho que tendem a ver com desconfiança a voz que traz ideias e, portanto, coloca-as como fatores negativos por falta de entendimento com as capacidades que elas próprias não têm.
A moda do momento, seja no ambiente acadêmico ou empresarial, são as palavras "estratégia" e "gestão", ambas têm muito peso, ainda mais acompanhadas por um discurso inflamado e ensaiado em vários cursos disponíveis de finais de semana. Nessa esfera, as competências baseadas em criatividade ou "Mental System Management", até são valorizadas, mas permitir que elas se apliquem é uma coisa muito diferente. Aplicar novas ideias gera competição, mexe com o ego e com as vaidades de cada colaborador.
O que se nota é que aquele que firma a voz, traz à tona os predadores, colegas menos interessados, menos motivados e menos brilhantes, que logo pedirão para silenciar novamente o feudo. Reconhecer onde está e onde quer chegar é princípio básico para o sucesso. O empreendedor, inquieto por ideias criativas, deve sim buscar quebrar a "cadeia de ferro da montagem" baseada muitas vezes na perpetuação da mediocridade. Estude e busque um planejamento para não replicar modelos errados. Se você está ciente em ser um estúpido funcional, mal aproveitado pelo seu talento, parabéns. Esse pode ser um grande começo.